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troque a fnac por uma livraria. a sério.
ontem vi o black swan. pronto.
embora em determinados casos prefira a não-ficção à ficção pura e dura, que muitas vezes é melhor do que a realidade mas isso são outros quinhentos, outros mil, lá peguei no epigrama de estaline por gostar de ler sobre o koba, o vissarionovitch, o paizinho dos povos, o dhugashvili, o zé dos bigodes, vá, que ainda aqui há atrasado lá teve umas t-shirts à venda na festa da atalaia-seixal, enfim, há sempre quem tenha saudades doentes do que não viveu, resumindo, lá peguei no romance do robert littell, por curiosidade pai de jonathan "escreve que nem um bulldozer" littell, romance esse que pega na vida do poeta Osip Mandelstam para retratar os anos de chumbo da rússia soviética, os loucos anos 30 dos julgamentos, da paranóia, dos interrogatórios, das deportações, das purgas, da criação do realismo socialista para as artes, da desconfiança em relação aos homens e mulheres de letras, e Mandelstam foi um dos que melhor conheceu o ditado pela boca morre o peixe, pelo desafio morre o poeta, tudo bem contado numa história polifónica entre figuras reais e figuras fictícias, com alguns rasgos de humor, uma escrita límpida, um horror a coser as partes, bingo. tudo porque Mandelstam decidiu passar de poeta a "contador da verdade". tudo porque o século xx foi aquilo que sabemos. uma curiosidade: por cá o romance foi publicado nesta edição da Civilização, empresa que detém as livrarias Bulhosa e que segundo se sabe tem andado a brincar aos salários em atraso. e às purgas a funcionários que levantam a garimpa. há coisas com graça. há, há.
ps: à luz do novo processo de micro-book crossing irmão lúcia, este livro foi largado hoje de manhã na esplanada do largo do camões
vai-se a ver, tropeçou e caiu na pobreza.
Ruca é como Schettino, também só vai ver porno quando cai para dentro do cinebolso.
derivado a questões com aquilo a que se chama "profissão" agora devo ir cortar o pêlo a um sítio de grife, daqueles onde sempre tive medo de pôr o pé por achar que nem sequer roupa tinha para lá ir, mas agora olha, como é à pendura estudassem, lá fui eu todo lampeiro para as zonas trendies da cidade, e mal assomo ao cabeleireiro lá vejo um poster gigante dos sex pistols, bom presságio, pensei eu, e quem me deu as boas-vindas também era natural da ilha das libras, até juro pelo minha saudinha que lá vi uma action figure do sid vicious, daquelas que o nuno markl compra mas sem ser o darth vader nem o batman nem o vasco palmeirim, e por isso não contava que o meu cortador, como os dos bifes, fosse uma réplica de um mebro dos europe em mil nove e oitenta e seis, estudasse eu, agora, simpático eficiente prestável, porém, e com umas melenas de sonho e uns ademanes de toureiro enquanto me tesourava a lã que lá ia caindo para o chão de pedra vintage, isto enquanto um comparsa atendia o telefone garantindo que cortava cabelos "e não só", pela minha saudinha, outra vez, e ao mesmo tempo que as colunas bombavam a inacreditável música de dança que tende a enxamear o espaço público, antes os europe, que diabo, dizia, a inacreditável música de dança alguém a mande emigrar passos coelho ou outro qualquer, mas só depois da poda, entenda-se, que também brindou uma senhora de provecta idade e uma moça que até fez um desenho para mostrar como é que queria o penteado, tudo à escolha do freguês, desde que possua a tal grife, ou um certo elan ou um lápis viarco com que se antecipa a direcção do risco e o comprimento das pontas, um mimo. à saída, acenos e sorrisos e a paragem do 758 e um senhor de pullover em padrão argyle a ressonar em registo boca escancarada ao passo que a vizinha da frente arriscava explicações com um singelo "olha, deu-lhe o quentinho". e nem foi preciso passar pelo secador.