28 de julho de 2014, 28 de julho de 1914, exactamente há 100 anos começava a primeira das grandes guerras, não porque as outras fossem pequenas mas porque a dimensão mundial da dita coiso, e eu cá sei pouco sobre essa guerra, lembro-me de ir em visita de estudo ao monumento que fica quase em frente ao parque mayer, razão porque para mim o soldado desconhecido era uma espécie de carlos cunha das trincheiras, misto de galhofeiro e herói, enviado para ajudar a combater os boches que haveriam de martelar a europa com mais força, mas enquanto não leio mais sobre o assunto diria que o legado desta guerra de 14-18 foi mau o suficiente para não nos esquecermos dela, portugueses humilhados mas daí veio pouca novidade, e 10 milhões de mortos, mais coisa menos coisa, e a estreia dos ataques químicos, mais a humilhação da alemanha em versalhes que levou ao que se sabe, contra a opinião, por exemplo, do famoso john maynard keynes, que via mais com um olho do que nacionalistas e liberais briguentos com os dois, e ainda a divisão surrealista do império otomano que lançou as raízes das sírias e dos iraques e das palestinas que hoje tanto nos afligem, enfim, há todo um legado que nos devia fazer procurar o nome do tipo que abateu o voo mh17, até porque da maneira como a europa se está a pôr a jeito, entre beligerâncias, austeridades e promoções de umbigos nacionais, divisões norte-sul, este-oeste, pobres e ricos, bolsos cheios e bolsos vazios, dizia, seria bom saber como se chama o artilheiro ucraniano que faz agora as vezes de gavrilo princip, de forma a que possa também entrar para os livros de história que veremos (?) publicados em 2114, livros no rescaldo de outras guerras, quem sabe a terceira das mundiais, ou uma cornucópia da abundância de conflitos mais pequenos e igualmente destruidores, a europa é mesmo assim, gosta de mutilar-se e de viver em permanente psicanálise e expiação. mas bom, se for feita com a qualidade da última temporada do blackadder, não estará tudo perdido.