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há tradições que ainda são o que eram, e eu até gosto de presevar algumas desde que não metam bandarilhas homens a cavalo marialvas em collants entre outras indecências, e uma dessas tradições que eu gosto de preservar é a ida à bica no café do bairro, embora eu não me faça acompanhar de pochette para enfiar as moedas e o pente como fazia o doutor cunhal, falta-me o estilo incisivo, galanteador, temperado como o aço soviético, de karkhiv a vladivostok, levo antes os trocos numa carteira comprada num mercado londrino, menos tradição, mais pompa pós-moderna também conhecida como comportamento de "armado ao pingarelho que sonha viver num T0 húmido em brick lane", mas enfim, resumindo e baralhando, cultivo a ida à bica e todos temos um café do bairro, eu já tive um de que não me lembra o nome mas que era gerido pelo Carlitos, e outro quase colado a uma morgue de hospital de que nem o nome do dono me ficou, mas agora o café do meu bairro é o incensado Pão de Canela, onde param deputados, gentes das artes, ipads, inúmeros exemplares do jornal público e do suplemento ipsilon, ex-administradores da nato no iraque, gestores, quer dizer, toda uma nata, agravada ao fim-de-semana pelos caçadores de brunches, com vista para o jardim com direito a fonte e agarrados que se mantêm à tona, um mimo, e bom, hoje como quase todos os dias pela fresca vai que me preparo para tomar a heroína em forma de chávena e deparo-me com um monumental barata de patas para o ar plantada no centro do estabelecimento, como quem grita "saí de baixo da cama do Gregor Samsa and I dont' care", ou "olhem para mim enquanto esbracejo com as minhas patas e a minha couraça crocante num dos estabelecimentos mais queridos da aristocracia alfacinha", um break dance sem dj ou MC, ai que em frança já rolaram cabeças por menos. se não têm pão, comam baratas, disse ela. parece.
olha, acordei com um pós-doc.
bloco de esquerda quer que televisões equiparem touradas a pornografia
jorna i, 3/07
rabiscos vieira
morreu o Jorge Figueira de Sousa, livreiro da Esperança, o que até parece uma contradição nos termos. nunca o conheci, nem à livraria, mea culpa. livreiro, aquela espécie de que se vai ouvindo falar e que qualquer dia só se encontra nos livros do Zafón.
no melhor Pirlo cai a nódoa.