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no pun intended.
estreei-me no festival das pessoas com sacos de pano cru ao ombro, também conhecido como doclisboa, na noite passada, tendo levado a minha santinha a ver uma curta que, enfim, será para mentes mais iluminadas do que a minha, também eu cursei a escola pública de fio a pavio, não se pode esperar de mim grande cognição, mas prontos, não quero exigir demais do estado tendo em conta aquilo que pago, e à tal curta seguiu-se a longa chamada "deportado", uma pérola rodeada de vidas duras como ostras, que cortam os dedos e a esperança e a luz, e dei por mim a olhar para o ecrã e a pensar na susan sontag (penso tanto na sontag) e no seu ensaio regarding the pain of others, que aliás nunca li mas que tem um título lindo, dizia, pensei na perversão de estarmos todos compostinhos, cheios de spleen pós-moderno, enquanto assistíamos à queda dos anjos dos outros, num registo algures entre o joão canijo e o sandro g, entre a américa suburbana pintalgada de humor com sotaque e a gente fodida com lágrimas que é reenviada para a terra onde nunca pertenceu, emigração, que é o nosso destino uma e outra vez, pequenos crimes entre amigos, juízes yankees que brincam à retroactividade, chão retirado debaixo dos pés de homens que são zombies, palavra de tony, luso-americano retornado à casa de partida que nunca foi sua, "deportado", um filme que vale a pena até porque, "deportado", um ensaio sobre a banalidade do mar, glosando a hannah arendt e o seu livro sobre o eichmann (penso tanto na hannah arendt), "deportado", podia acontecer a qualquer um, na terra das oportunidades como aqui, e é como diz o povo, tem cuidado, um dia podes ter um filho assim, oh se podes. ficha técnica. aplausos. tantos.
Aos 70 anos, José Cid vai casar-se com a timorense Gabriela Carrascalão.