Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]
só pode ser uma groupie da amazon.
bom, pelo que me é dado ver, a guerra na síria deve ter acabado.
não existe a História, existem histórias, não existe a Verdade, existem verdades, ou intenções, ou interpretações, e o autor, que é investigador, não se cansa de vincá-lo, não existe uma só base, nem uma só tradição, nem sequer uma só língua a partir de onde se possa ler o legado do homem, e pouco me importa se está lá em cima à direita do pai; seguramente, hoje, não estaria só atrás de um ecrã.
mesmo saturados de informação e ecrãs e redes e vídeos e fotografias compreendemos que há imagens que transportam consigo mais significados, as meninas fugindo do napalm no vietname, o homem dos sacos de plástico em frente aos tanques chineses, o então pré-candidato cavaco mastigando o bolo-rei para não responder às perguntas dos jornalistas, e por estes dias há umas imagens que rolam por aí, e que pertencem ao congresso dos feiticeiros do milagre económico, umas imagens que evito reproduzir aqui porque me fazem asco, e o asco, por enquanto ainda é universal e gratuito, como é suposto serem o ensino público e o sistema nacional de saúde, pelo menos até levarem a "pancada" final, é essa a palavra chave na comunicação do primeiro-ministro que não quero mostrar mas que me assalta desde ontem, o imaginário torpe, vagamente sexual, da pancada, do redobrar da pancada, leia-se austeridade, cortes desesperança napalm figurado sobre as nossas vidas, esse imaginário torpe acompanhado de sorrisos, sedução, vejam, congressitas, como me comprazo com o que estou a fazer, vê, país, como o faço porque quero, porque posso e porque não me arrependo, a falácia dos condicionalismos externos pode ser posta de lado, a máscara caiu, damos pancada porque acreditamos nela, porque tiramos gozo dela, porque dela sairá o homem novo, moído, cheio de nódoas negras e habituado a viver mais pobre porque o capital deve ser transferido do trabalho para as empresas, sim, porque o estado, a redistribuição que ele garante é uma coisa que fede, sim, pancada, gozo e sorrisos, como se fossem escritores de best-sellers na linha das fifty shades of orange, vejam como tiramos prazer desta engenharia social, como nos vimos sempre que fazemos estalar o chicote sobre a vossa apatia e o vosso modo de vida, e eu digo, que se foda o discurso sagaz do marcelo e a intervenção do santana e o regresso do sinistro relvas mais o inconseguimento e o autarca das caldas, a chave para esta catástrofe está naquele sorriso sem lábios. estamos assim, também, porque lhes dá gozo. e porque sabem que os piegas não levantam barricadas.
deixo o inferno muito bem entregue aos meus camaradas e por dois dias visto a pele de repórter acidental das correntes d'escritas, dois dias entre livros e autores, mais metáforas, menos empreendedorismo, uma miséria, se bem que o próprio vice primeiro-ministro gosta de alegorias, sobretudo navais, do porta-aviões do ajustamento cheio de furos aos submarinos sem culpados, portugal país de poetas e canalhas, eis um mantra, espero só que o facto de ter sido balconista durante anos a fio me permita falar doutros assuntos e iludir a vigilância dos fariseus das redes sociais, é que esses, do alto da sua snobeira, mimetizam jesus e também anunciam não a paz mas a espada sobre os ímpios que já tocaram numa caixa registadora, literatura, então, já que a realidade há muito que deixou de fazer sentido. em caso de dúvida perguntem ao tom wolfe, ao portas, ao senhor do milagre económico.
pelos vistos nenhum mecenas quis patrocinar as comemorações.
vai aí toda bonita, com essas flores, diz o homem do talho, são para um funeral, diz a senhora bonita, ai são para um funeral, constata o senhor do talho, é a vida, assinala a senhora bonita, porque no fundo é sempre a vida até que.
parece que tinha razão.