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josé leite martins disse a seu pai abraão: "meu pai! " "sim, meu filho", respondeu abraão. josé perguntou: "as brasas e a lenha estão aqui, mas onde está o cordeiro para o sacrifício? "
respondeu abraão: "deus mesmo há-de prover o cordeiro para o sacrifício, meu filho". e os dois continuaram a caminhar juntos.
quando chegaram ao lugar que deus lhe havia indicado, abraão construiu um altar e sobre ele arrumou a lenha. amarrou seu filho, o então secretário de estado da administração pública, e colocou-o sobre o altar, em cima da lenha.
então estendeu a mão e pegou a faca para sacrificar seu filho.
como agora todos somos masterchefs e portugal é um imenso bolo do caco, aqui vai uma receita à minha moda:
junte um monte de portugueses na moulinex e pique-os todos bem picadinhos, após o que deve misturá-los com uma nova dose de austeridade e ainda uma concha grande de engenharia social, temperando tudo com um discurso cínico de melhoras e de inevitabilidades. reserve.
à parte vá batendo os argumentos da novilíngua até que palavras como desemprego se transformem em reestruturação. se possível vá alternando a varinha entre a mão direita e a mão esquerda, para reforçar o consenso.
aqueça previamente o forno em que os portugueses irão a assar em lume brando costume, unte o tabuleiro com a legislação laboral ultrapassada e cubra o fundo com umas fatias de cebola cortadas muito fininhas, de maneira a que o risco de cortar o dedo nesta operação seja ainda mais elevado do que o risco de cair de vez na pobreza.
coloque todos os ingredientes que preparou numa tigela grande e bata separadamente umas pensões em castelo, de maneira a que fiquem fofas e fáceis de moldar e diluir na amálgama geral de indignidade, sangue, suor e lágrimas. se não aprecia cabidela ou sarrabulho, dispense o sangue. até poderá ter de guardá-lo para vendê-lo mais tarde, quando já não tiver outros meios de subsistência e a saúde estiver toda bem privatizadinha e tostadinha.
envolva tudo muito bem, disponha no tabuleiro e deixe assar no forno durante pelo menos duas legislaturas. é natural que durante o processo lhe cheire a queimado, ou a esturro, mas nessa situação basta dizer que a culpa é dos jornalistas. ou de um secretário de estado. ou daquela placa demodé que insiste em falar da pide.
na altura de servir, decore com manjericão e com uma bratwurst, para agradar aos paladares que importam, e sirva tudo numa terrina com o monograma "troika", para os convivas pensarem que são eles que nos estão a dar de comer e não o contrário.
e pronto, bom apetite. que eu agora também vou almoçar.
casa bem com o grande partido dos reformados.
terminou a primeira fase das primárias do LIVRE que está, imagine-se, a construir uma lista... votando, sem recorrer a bastidores, a convites pré-fabricados, a toma-lá-dá-cá em registo de compensação, maravilha, talvez, das coisas que nascem e que pouco têm para oferecer além da participação, e agora olha, respirar fundo, pôr ideias na mesa e na praça pública, mesmo à míngua de dinheiro e aparelho, e sobretudo dar força aos 6 escolhidos.
naïvité política? ok, compro.
uma excelente notícia no arranque da primavera, a legalização do LIVRE por parte do tribunal constitucional, solstício político que espero auspicioso por anseio de representação e por estar contaminado com o vírus infantil da ingenuidade, todos temos esse direito por enquanto gratuito, que diabo, e agora, depois de todo o trabalho que fica para trás, ponhamos o cinismo e o conformismo de molho, vamos à luta, levantemo-nos do sofá e das redes. sou um dos pré-candidatos às primárias para as europeias e espero dar o meu contributo para a construção de uma opção política e não para a serenidade, tão cara ao nosso presidente, é que a comunidade faz-se de gritos, ideias e diferenças e não de silêncios que sirvam para não assustar os mercados. uma nota: sou fruto da escola pública. tirem daí as vossas conclusões.