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vivo com um gato que adora lamber sacos de plástico, de forma perene, militante, embora dali não tire sustento, alegria, sabor, é da ordem do mistério mas ele não consegue deixar de lambê-los, e muitas vezes ignora outras vertentes da vida que poderiam ser mais recompensadoras, como conviver com os outros gatos ou encher a pança de ração ou dormir, tão somente, ou ler um livro do pedro chagas freitas, por exemplo, e ele porfia na demanda sem proveito, lambe, lambe, lambe, há quem diga que os bichos são assim, da ordem do irracional, investindo força e tempo em tarefas vãs.
eu, tal como o meu gato, continuarei a ver os jogos da selecção.
só bebia hendrick's lamar.
à espera da newsletter do observador onde o josé manuel fernandes explica o efeito de contágio democrático iniciado no iraque em 2003.
tenho visto rodar pelos ares dois lados da mesma moeda que hoje vive em crise financeira e de identidade e nada disto é bonito, pois numa face temos o observador, jornal digital fundado pelos senhores do compromisso portugal que acharam que faltava direita à mass media portuguesa, coitada, despojada há demasiado tempo dos textos esclarecidos de josé manuel fernandes, antigo maoista, que os há muitos, e único português que ainda defende a invasão do iraque (uma pena que nunca tenha marcado férias num resort em fallujah), há muito que o povo sedento de informação clamava por uma publicação que comprovasse que os nazis são capazes de amor, de amar, uma publicação que usasse o 19º aniversário do assassinato de um homem (número redondo?) para branquear, ai os verbos, os verbos, dizia, para branquear o artigo carecas-friendly escolhido para a estreia, mas adiante, porque na outra face dos media à portuguesa as coisas também carecem de limpeza, pelo menos é nisso que acredita o conselho de administração da controlinveste que se prepara para guilhotinar 160 trabalhadores do seu grupo de comunicação, menos digital do que o observador, logo, mais fácil de fazer em tiras, o modelo de negócio, a sustentabilidade, os prejuízos acumulados, uma chatice, logo agora que o milagre económico brilhava tão alto, um brilho que não comoveu, antes cegou, o conselho formado pelo capitalista mosquito, pelo luís genro-mais-famoso-do-rock montez, pelos pobres bancos bcp e bes, podem crer que eu continuo a agradecer a quem tiver a bondade ou a possibilidade de auxiliá-los, plim, e ainda o eterno joaquim oliveira, cuja olivedesportos também já não é o que era, tal como DN, JN, TSF e O Jogo passarão a ser outra coisa, mais leve, flexível, adaptada ao futuro que ninguém sabe qual é, com mais colaboradores e menos trabalhadores, com mais core business e menos notícias, com mais suplementos "gente" e menos gente lá dentro, passe o paradoxo, mas isso agora não interessa nada, vou mas é comprar o jornal e pedir factura e rezar pelo audi e pela selecção e pela saída limpa, uns vão ao charco, outros brotam na paisagem, a culpa é destes jornalistas anquilosados que nunca se lembraram de reabilitar os mários machados. rima? pois. ontem foi o dia de camões.