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nunca conseguia limpar os vidros com o Público online.
na minha modesta visão a nacionalidade de um indivíduo não passa de um acidente, feliz se acontecer em terra abençoada, desastroso se acontecer em locais como a terra prometida, que ao contrário de outras que fazem a rotação dos solos e das guerras, sempre esteve comprometida com sangue, de moisés a ricardo coração de leão, passando por saladino e aterrando em netanyhau, mas isso são outros quinhentos, hoje desejo fazer um comentário de raspão acerca da minha condição, homem nascido e criado em portugal, com virtudes e defeitos que se associam ao nosso "povo", palavra que até já foi riscada da constituição, e como tal sinto como natural o carinho e a empatia com as minhas raízes, com a minha gente, com as nossas paranóias colectivas, com os nossos erros de palmatória, adoro o cozido da minha irmã e algumas praias do barlavento e o pedacinho da nossa história que me permite escutar o chico buarque sem tradução, mas nada disto me qualifica como nacionalista, não tenho fervor que chegue, até porque se olhar com atenção nacionalismo e europa, à qual estamos ligados, são dois conceitos que normalmente dão mau resultado, e diria que em muitos momentos rejeito até a palavra patriota, agora recuperada por parte da esquerda que vê nela estratégia, porque nesses momentos não tenho vontade nenhuma de servir a pátria, de amar a pátria, de sequer passar a mão no cangote da pátria, e hoje passo por um desses momentos, hoje não quero ser da mesma pátria que o ex-ministro martins da cruz, não quero partilhar memórias comunidade sabores identidade com toda aquela gente que acaba de estender a passadeira vermelha a um regime que carece de palavras sinistras que o qualifiquem, bem sei que temos aliados por esse mundo fora como a arábia saudita, que ao menos tem a opep e não precisa da cplp para nada, e também sei que somos "irmãos" do josé eduardo dos santos e dos golpistas de bissau e dos políticos do mensalão mas há fronteiras que não gosto de ver ultrapassadas, e portanto que se foda a portugalidade e a realpolitik, hoje reclamo o direito a ser ingénuo em política e em decência. hoje tenho vergonha de ser português.
os judeus têm a shoa. os árabes a nakba. e nós temos o bes.
estava aqui a pensar que há coisa de três anos a seguradora tranquilidade, propriedade do grupo espírito santo, cancelou uma exposição do artista joão pedro vale por considerar que as peças apresentadas iam contra os valores da empresa, atentado ao pudor não se compadece com gente séria, claro, muito menos com bichices ao barulho, e agora, no ano do senhor de 2014, sabemos que a pornografia, afinal, estava toda do lado do grupo administrado pelos salgados e companhia, buracos de fazer corar senhoras de bem, livros de contabilidade mais escandalosos do que a loja "espaço lúdico" ali ao conde redondo, e veremos até se não serão os contribuintes a ser sodomizados ao melhor estilo da castro street, o tempo e o risco sistémico o dirão.