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eu respeito muito o doutor alberto martins, esse mesmo, do PS, porque em plena ditadura desafiou o regime do doutor caetano, e do doutor tomás, e do doutor josé hermano "a tv lava mais branco" saraiva, abriu a boca numa época em que quase todos a mantinham fechada, ah, o doutor martins, esse mesmo que em 2007 defendia o que de mais sagrado há (sic) na nossa democracia, a saber, o principio da representação proporcional, sem tirar nem pôr, esse mesmo doutor alberto martins que em setembro de 2014 apresenta propostas de redução do número de deputados, e eu tenho para mim que ele é um homem com espinha direita, em caso de dúvida conferir a crise académica de 69, e se agora a dobrou isso só pode querer dizer que sucumbiu ao carisma do doutor seguro ou então que foi atacado pelo famoso vírus do populismo, que abundância não lhe falta, ao populismo, entenda-se, ele é marinho e pinto, ele é partido do josé cid, ele é correio da manhã tv, portanto cuidado com este vírus, parece que ferra mais do que o do ébola, mas parece que não dá febres. só falta de vergonha.
"E, Portugal, livre da velha dívida, da velha gente, dessa colecção grotesca de bestas...
A voz do Ega sibilava... Mas, vendo assim tratados de "grotescos", de "bestas", os homens de ordem que fazem prosperar os bancos, Cohen pousou a mão no braço do seu amigo e chamou-o ao bom senso. Evidentemente, ele era o primeiro a dizê-lo, em toda essa gente que figurava desde 46 havia medíocres e patetas - mas também homens de grande valor".
é que rentrée não é apenas a continuação da guerra pelos mesmos meios, ucrânia, iraque, o califa de lisboa que se prepara para decapitar a direcção do ps e etc, até porque por esta altura há sempre apresentações de novidades em forma de livro, o papel, imagine-se, esse material demodé que insiste em providenciar instrução a pôr-se em bicos de pés, e de forma a fazer-lhe a vontade o grupo bertrand prepara-se para atirar-nos às fuças várias coisas gostosas, o "herzog" do saul bellow, por exemplo, que retrata a vida de um intelectual judeu que enlouqueceu, pelos vistos netanyahu não está só, ou "o filho" de philipp meyer, salvo seja, autor do muito bom ferrugem americana (atenção, não é um retrato da paralisia da administração obama), ou ainda "o capital no século xxi" do thomas piketty, sonho molhado da esquerda na luta contra a desigualdade, até porque a direita não acredita nisso, acredita em deus e na mão invisível e untada e já é um pau, sem esquecer mais um tomo da nigela, a cozinheira que tem mais jeito para lambuzar-se do que para escolher maridos. e vira o disco sem tocar exactamente o mesmo, até porque a apresentação do grupo porto editora rebate a nigela com um jamie oliver, empate na cozinha que, de repente, é o lugar mais importante da casa graças aos masterchefs e ao bolo do caco e ao resto, mas dizia, toca outra música deste lado até porque vêm aí as "alabardas, alabardas, espingardas, espingardas", romance incompleto do saramago que deverá fazer inveja a muitos romances inteiros, e vem também o novo romance do gonçalo m. tavares cujo título é todo um programa, se não acreditam confiram em "uma menina está perdida no seu século à procura do pai", e ainda um guia prático de escrita literária, fina ironia do mário de carvalho cujo título é "quem disser o contrário é porque tem razão", e mais um livro infanto-juvenil escrito pelo valter hugo mãe, e ainda algo que me fala ao coração da cabeça, mais um livro do romain gary a publicar pela sextante, de sua graça "educação europeia", passa-se na segunda guerra e mete vilnius, e florestas, e enquanto isto não chega ao mercado façam um favor às vossas vidinhas e vão ler "uma vida à sua frente", canhenho-aperitivo com que o gary venceu o goncourt, vá, deslarguem as fotos roubadas das celebridades e sentem-se à lareira apagada que ainda é verão. depois não digam que não avisei.
portanto, em dia de reabertura dos tribunais que não funcionam, sing me something new, e depois do baralha e volta a dar, o expediente passa a estar distribuído pelas aldeias, ou seja, pivô do Inferno às segundas, bonecreiro do irmaolucia às terças (conferir no mesmo programa), tropa de choque editorial para todo o serviço e durante a semana toda, sempre com a camisola da Booktailors vestida, e ilustrador quando calha, e vai calhando, e opinador ao serviço do povo, coitado, nos dias úteis e nos feriados que restarem, sem esquecer o mester de lançador de pedras, às vezes bumerangues, às vezes chistes, sobre a realidade que mexe ou que teime em não mexer, isto durante o ano todo, a vida toda, e escusam de apontar o rei que vai nu agarrado aos pecados da soberba e da irrelevância, o cristianismo e a autoridade tributária já trataram de me pôr no meu lugar há muito tempo. siga a rentrée.