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que paneleiros.
resta saber se o ministério público sempre tem cicuta para enfiar pela goela de sócrates ou se nos ficamos pelo leitão.
à luz da raiz escolar que nos fica para a vida é oficial que não sou de letras até porque, convencido da importância dos meus guaches e do meu traço tosco, fui pelas artes e ciências, desenho, geometria e matemáticas, pastéis de óleo e físico-químicas. resultado: chegado ao ensino superior percebi que não sabia ler, interpretar, e agarrei-me aos poucos conceitos que compreendia, como por exemplo "é impossível não comunicar", da autoria de paul watzlawick, fugia do lyotard e do baudrillard a sete pés e pensava em aguarelas, águas fortes, e num deus que me ajudasse a não deixar cadeiras para trás, e agora, tantos anos depois, cruzo-me com um romance que é todo ele watzlawick, porque n'a resistência é impossível não comunicar, é impossível não pensar, porque o silêncio grita, e os ausentes marcam presença, e os medos de carne e osso vivem naquelas cabeças, e as acções de agora decorrem na memória. um livro escrito, pensado, reflectido, feito de economia narrativa e abundância de ideias, livro que corta cerce, se fosse crítico e tivesse de oferecer-lhe estrelas ficava-me pelas quatro e meia porque para chegar às cinco precisava de sentir vísceras, um grama de descontrolo na narrativa, nas personagens, que não está à vista. um grama de humanidade que, paradoxalmente, tem de estar lá, porque é impossível escrever se não formos humanos. porque é impossível não comunicar, e obrigado pela viagem aos medos passados e futuros, julián fuks. deus, que não deixa cadeiras para trás, é mesmo brasileiro.