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Europa, início do século XVIII. Mantendo uma tradição que só foi quebrada pela CEE e derivados, coisa que vai sendo esquecida a pouco e pouco por nacionalistas e distraídos do século XXI, a guerra estalava com força, desta vez a pretexto da sucessão espanhola. Tudo porque Carlos II de Áustria morreu tantã e sem filhos, fruto de gerações amigas da consanguinidade, situação que já aconteceu no seio de muito boas famílias e mais não digo. A sucessão, pois. De um lado estavam os Bourbons e seu campeão Filipe, apoiados pela França e pela Baviera, terra que gerou coisas como o Bayern de Munique e certo e determinado partido nacional-socialista. Do outro estavam os Habsburgos, que para simplificar passarei a chamar de austríacos, aliados aos ingleses, aos holandeses e aos portugueses. Certo? Errado. Mas certo. É que no início os portugueses apoiavam os franceses mas acabaram por virar o bico ao prego, não fossem os ingleses dar cabo das naus carregadas com os oiros do Brasil. Vai daí virámos casaca e eis-nos de braço dado com os austríacos. Muitos mortos depois, a guerra da sucessão lá se resolveu com uns acordos forçados, coisa também muito europeia, e a soldadesca portuguesa suspirou de alívio por já não ter de carregar os arcabuzes. Pelo meio ainda nos adoçaram a boca com o tratado de Methuen, que basicamente facilitava a venda de vinho para a Inglaterra, por troca com tecidos. Muitos. E à conta de os nossos antepassados morrerem de amores por tweed e padrões argyle, iniciámos nessa época uma maravilhosa crise da dívida que até hoje não conseguimos sacudir, mas isso são outros quinhentos. Portanto, excepção feita a um conflito no qual traímos terceiros para alinharmos com os austríacos, nada nos une às gentes do Tirol. É certo que dom Pedro IV também foi casado com a Maria Leopoldina, nascida no palácio Schönbrunn, que é uma espécie de vivenda com demasiadas divisões para limpar, mas esse preferiu ser um imperador do Brasil em vez de reinar no rectângulo, portanto não conta para o totobola. Resumindo, neste momento decisivo, e numa altura em que as naus já nem sequer navegam, não há razão nenhuma para não enfiarmos duas ou três ou doze batatas na baliza austríaca, sem qualquer tipo de remorso. Convenhamos, precisamos de elevar a moral, depois daquele empate com travo a bacalhau, e não esqueçam, por favor, que os austríacos são um povo manhoso que tentou convencer toda a gente de que o Beethoven era austríaco e que o Adolfo era alemão. Merecem que lhes viremos a casaca, mesmo em fora-de-jogo.
"Li muitos livros, vivo entre os livros, mas eles não explicam nada". se tivesse de escolher uma frase para resumir esta obra-prima, recorria à bibliotecária Valentina, viúva, mãe, que nos lembra o facto de não haver papel e tinta que expliquem o absurdo da existência. resta o consolo de continuarmos a busca, página atrás de página. até que.
embora em serviços mínimos, esta azinheira, o Sandro, o Ruca, a Carina, esta casa de meus vícios acaba de completar dez anos. dez. estamos crescidos, mais ou menos.
a suivre.