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um tour de force do Afonso Cruz que tem vantagens e desvantagens. muito do que passa por este "jalan jalan" (o título significa algo como passear) tem sido dito pelo Afonso em encontros literários, em artigos de jornal, em encontros mais ou menos fortuitos sentados à mesa. ideias boas, ideias recorrentes, ideias fixas. erudição sólida que arrisca cair no name dropping mas que se salva no último momento. filósofos pré-socráticos e cientistas, viagens e literatura. e sensibilidade. creio que o livro vai melhor quando se exploram os conceitos de tempo e de empatia - caros ao autor - desmanchando os discursos monolíticos da produtividade e da competição, entre outros demónios. e no entanto, diria que as ideias florescentes do autor brilham mais nos romances. assentam melhor nas tramas literárias de grande fôlego do que nestas páginas a seco. é um compêndio de cultura, de pensamento, de auto-reflexão que se percorre com gosto e curiosidade, mas a espaços sentindo saudade de um caldo literário que matize e enquadre tanta bagagem de viajante. de viajante de facto, de viajante intelectual. uma coisa é certa, somos contemporâneos de um autor que está manifestamente a construir um universo muito rico, cheio de sinapses e pontos de encontro. e isso é um privilégio, sobretudo quando podemos desfrutá-lo em ritmo de passeio.
edição companhia das letras