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como agora todos somos masterchefs e portugal é um imenso bolo do caco, aqui vai uma receita à minha moda:
junte um monte de portugueses na moulinex e pique-os todos bem picadinhos, após o que deve misturá-los com uma nova dose de austeridade e ainda uma concha grande de engenharia social, temperando tudo com um discurso cínico de melhoras e de inevitabilidades. reserve.
à parte vá batendo os argumentos da novilíngua até que palavras como desemprego se transformem em reestruturação. se possível vá alternando a varinha entre a mão direita e a mão esquerda, para reforçar o consenso.
aqueça previamente o forno em que os portugueses irão a assar em lume brando costume, unte o tabuleiro com a legislação laboral ultrapassada e cubra o fundo com umas fatias de cebola cortadas muito fininhas, de maneira a que o risco de cortar o dedo nesta operação seja ainda mais elevado do que o risco de cair de vez na pobreza.
coloque todos os ingredientes que preparou numa tigela grande e bata separadamente umas pensões em castelo, de maneira a que fiquem fofas e fáceis de moldar e diluir na amálgama geral de indignidade, sangue, suor e lágrimas. se não aprecia cabidela ou sarrabulho, dispense o sangue. até poderá ter de guardá-lo para vendê-lo mais tarde, quando já não tiver outros meios de subsistência e a saúde estiver toda bem privatizadinha e tostadinha.
envolva tudo muito bem, disponha no tabuleiro e deixe assar no forno durante pelo menos duas legislaturas. é natural que durante o processo lhe cheire a queimado, ou a esturro, mas nessa situação basta dizer que a culpa é dos jornalistas. ou de um secretário de estado. ou daquela placa demodé que insiste em falar da pide.
na altura de servir, decore com manjericão e com uma bratwurst, para agradar aos paladares que importam, e sirva tudo numa terrina com o monograma "troika", para os convivas pensarem que são eles que nos estão a dar de comer e não o contrário.
e pronto, bom apetite. que eu agora também vou almoçar.