De job ...lázaro é este puto a 01.03.2014 às 20:08
dissabte, 1 març de 2014
BULHÃO PATO COM AMÊIJOAS E LÁZARO CÔNSUL COM MEMÓRIAS POUCO FRESCAS
JAMAIS TE PROVOQUEI.PELO CONTRÁRIO UM DIA
DEI-TE COM O MEU VOTO ACESSO À ACADEMIA
TU PAGASTE-LHE BEM!DAS TERRAS DO EXTRANGEIRO
INSULTASTE-A EM MALTEZ , VISCOSO ZOMBETEIRO
TUDO É MESQUINHO E VIL NO MEU TORRÃO NATAL!
ASSIM O DIZES TU, CONSUL DE PORTUGAL!
Bolhão Pato por Rafael Bordallo Pinheiro
Bulhão Pato, por Rafael Bordallo Pinheiro
“ Rodrigo da Fonseca Magalhães tomara conta da derrota política e seria cabido o equívoco, se derrota quisesse dizer – desbarato! O velho estadista, a meu ver, foi fatal! António Maria de Fontes Pereira de Melo manobrava ao catavento.
Moço, resoluto, ambicioso de glória e de mando; de inconcussa probidade; parlamentar eminente; insinuante nas maneiras e na figura. Um pouco mais alto que o vulgar entre nós; delgado, sadio, ativo, vontade decidida e tenaz; olhar penetrante; sempre no seu posto; sem perder jamais o aprumo e guardando restritamente as chamadas conveniências.
Apurado no trajo, acompanhando as frases cintilantes e espontâneas com o jogo da fisionomia e o gesto expressivo. Previdente. Assimilando todas as ideias que lhe pareciam úteis, e esse era o seu principal talento; confiando em si, mas conhecendo-se – não quis nunca rever um discurso; sabia que lhe faltava colorido e cunho literário. Imperativo, conquanto extremamente cortês.
Não aprecio, particularizando, os seus atos; avalio-lhe a inteligência e os dotes como homem. Tinha ânimo elevado, coração largo; nem sempre de inveja; nada de mesquinho na sua organização. Adorava a família; as nuvens políticas desfaziam-se, como ele dizia, assim que entrava no lar, onde era a afabilidade viva.
Estudou de mais o breviário de Rodrigo da Fonseca Magalhães. Tinha cegueira por aquele homem: foi o seu erro capital.
Recebeu ingratidões nefandas; nunca se vingou! Teve na vida torrentes de luz, durante mais de trinta anos, em que foi o arconte da política portuguesa; nenhuma sombra na morte, que o tomou nos braços, onde adormeceu sem contrações de agonia.
Para os que o choraram – foram muitos e eu fui um deles – morreu cedo; para a posteridade e para a glória, morreu tarde.
Já não tinha pulso com que pudesse dominar a corrente dos novos, que lhe haviam tomado as lições, que ele tivera do outro – do Raposa Começara a senti-lo amargamente, quando baqueou! E contudo, e apesar de tudo baqueou um grande homem!
Eu fiz-lhe um epitáfio, na época em que tratavam de levantar-lhe um monumento. É este:
Lutou, de aurora à noite, audaz sereno e forte;
E sorria, ao brandir a espada rutilante!
Ninguém teve mais luz no labutar constante;
Menos sombras ninguém, quando chegou a morte! “
As «Memórias» de Bulhão Pato (3 volumes, Typ. da Academia Real das Sciencias, 1894-1907) são de apetecível leitura, para quem queira conhecer o ambiente cultural e as principais figuras públicas da segunda metade do século XIX. É um reportório circunstanciado, escrito em bom português, de um memorialista que, muito mais do que poeta romântico, é hoje uma testemunha privilegiada que merece leitura atenta.
NOS MEIOS LITERATOSRaimundo António de Bulhão Pato nasceu em Bilbau e morreu no Monte da Caparica (1829-1912), viveu a sua infância no país basco sob os efeitos dramáticos da guerra civil. Em 1837, a família veio para Portugal, cansada das agruras da instabilidade espanhola, e em 1845 o jovem inscreveu-se na Escola Politécnica, frequentando, desde muito cedo os meios literários, onde conheceu Herculano, Garrett, Andrade Corvo, Latino Coelho, Mendes Leal, Rebelo da Silva e Gomes de Amorim. Com Herculano estabeleceu uma relação muito especial e intensa bem patente nas suas recordações, através das quais conhecemos muitos pormenores biográficos do historiador. Como poeta cultivou a influência romântica. A sua primeira obra é de 1850 («Poesias»), tendo publicado em 1866 a muito celebrada «Paquita» (depois de ter dado à estampa «Versos», em 1862). Herculano era generoso, mas económico. Comprado Vale de Lobos, aplicou todos os rendimentos ao custeio da propriedade rural e à edificação da casa» (…) «Azeite de prato, como é notório, era coisa que não se conhecia em Portugal. Foi Herculano quem deu a iniciativa fabricando o precioso azeite de Vale de Lobos». Bulhão Pato ensina-nos